sexta-feira, 6 de abril de 2012

Romeu e Julieta - William Shakespeare (trecho)

Benvólio Bom dia, primo. 
  Romeu Como assim? Já é dia? 
  Benvólio Nove horas! 
  Romeu Como são compridas as horas tristes... Era meu pai? 
  Benvólio Era. Mas que longas horas tristes são essas? 
  Romeu Aquelas que, com ela, seriam breves.
  Benvólio Você está apaixonado?
  Romeu Nada. 
  Benvólio Nada de amor? 
  Romeu Nada da parte dela.
  Benvólio É pena que o amor, na aparência tão doce, seja no fundo tão tirano e duro.
  Romeu Pena das penas! Mesmo cego, o amor sabe alcançar o alvo do seu desejo! [...] O ódio anda muito ocupado; mas o amor mais ainda! Leveza pesada, pena de chumbo, fogo gelado, saúde doente, sono acordado: o amor é o que não é. Não quer rir de mim?
  Benvólio Não, primo, quero chorar.
  Romeu Por quê? 
  Benvólio Porque seu coração está oprimido. 
  Romeu O amor é assim mesmo: as dores pesam no peito, mas isso só aumenta os efeitos da paixão. O amor é uma fumaça de suspiros, é fogo que ameaça o olhar, é um rio de lágrimas quando contrariado... Que mais? É uma loucura sensata, é um fel que sufoca, é uma doçura que anima... Adeus, primo. ” 

(SHAKESPEARE, William. Romeu e Julieta. Primeiro ato, cena I.)

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